Jornal Plural + redação Sindelpar:
Tanto fizeram que nem o esforço hercúleo das trabalhadoras e dos trabalhadores conseguiu evitar a derrocada da empresa. Conforme a própria ANEEL, a Copel está na antepenúltima colocação entre todas as concessionária de energia do Brasil, atrás inclusive da Enel, bem (ou mal) conhecida pelos vexames de abastecimento em SP.
A empresa, c0mo toda pessoa (afinal, não dizem que pessoas jurídicas também são pessoas?) pega em contradição, passou a culpar o mensageiro, ou seja, a própria agência responsável pelas avaliações, dizendo que a Aneel induz ao erro. Sempre a culpa é de quem aponta o problema, nunca de quem o cria, não é mesmo?
Leia a matéria do Plural:
Depois de quatro anos em queda, a Copel fechou o ano de 2024 como uma das três piores concessionárias de energia do Brasil, segundo ranking divulgado no início do mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No ranking relativo a 2023, a Copel era a 25ª colocada na lista com 29 concessionárias. Os dados referentes a 2024 mostram que a companhia paranaense caiu para a 29ª posição, à frente apenas da CEE, do Rio Grande do Sul, e da Equatorial, de Goiás.
A classificação é feita com base no Desempenho Global de Continuidade (DGC), índice obtido com base na duração e na frequência das interrupções no fornecimento de energia. O DGC é calculado a partir da comparação da DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e da FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora). No ano passado, o DGC da Copel subiu de 0,86 para 0,92.
Desde 2021, a Copel despencou da 10ª para a 29ª posição no ranking da Aneel. Do 10º lugar em 2021, caiu para a 22ª colocação em 2022. Em 2023, quando a companhia foi privatizada, caiu para o 25ª lugar.
Em nota, a Copel disse considerar que o ranking traz uma “visão distorcida” (leia abaixo) e citou o DEC da companhia, sem levar em conta o FEC, que mede a frequência das quedas no fornecimento.
Na contramão
Os dados da Aneel mostram que a Copel está na contramão do cenário nacional. Segundo a Agência, a qualidade dos serviços de distribuição melhorou no ano passado em relação a 2023: os consumidores ficaram 10,24 horas em média sem energia (DEC) no ano (redução de 1,7%). Já a frequência (FEC) das interrupções se manteve em trajetória decrescente, caindo de 5,15 interrupções em 2023 para 4,89 interrupções em média por consumidor em 2024 (melhora de 5%).
O ranking de distribuidoras de grande porte inclui empresas que atendem 400 mil unidades consumidoras ou mais. As distribuidoras que mais evoluíram em 2024 foram Neoenergia Brasília (DF), CPFL Paulista (SP) e Neoenergia Elektro (SP).
A Copel é presidida por Daniel Pimentel Slaviero, irmão do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), desde janeiro de 2019, no início do primeiro mandato do governador Ratinho Júnior (PSD). Ele foi escolhido por Ratinho “por sua experiência em gestão e o perfil adequado para encabeçar os desafios que serão enfrentados pela empresa nos próximos anos”, segundo matéria publicada pela agência de notícias do governo do Paraná na época. Ao assumir, Slaviero disse que as marcas de sua gestão seriam “ganho de eficiência e a redução de custos”.
Cobranças
No dia 19 de março, deputados da base de apoio e de oposição a Ratinho Júnior cobraram explicações da Copel sobre a constante queda no fornecimento de energia. O líder da base governista, Hussein Bakri (PSD), disse que pretendia articular um encontro com diretores da Copel.
Em audiência pública realizada no dia anterior na Assembleia, representantes da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-PR), da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) criticaram a atuação da empresa.
Um documento, elaborado durante a audiência e encaminhado à companhia, cobrou um plano emergencial de resposta aos apagões; um prazo máximo para restabelecimento da rede elétrica; a revisão da estrutura operacional; a garantia de transparência sobre a falta de materiais e problemas de infraestrutura; compensações financeiras para as quedas prolongadas de energia; isenção na fatura das famílias prejudicadas; e a abertura de canais mais ágeis para atendimento de consumidores.
Perdas
Segundo a deputada Luciana Rafagnin (PT), no mês passado, 60 toneladas de tilápia foram perdidas em Cascavel, no Oeste do estado, e 707 frangos morreram em apenas 10 minutos em Sulina, no Sudoeste, devido à falta de energia. A parlamentar disse ainda que, em 2023, 28 mil pedidos de indenização foram encaminhados à Copel por causa de prejuízos causados pelas quedas de energia, mas que pouco mais de 7 mil foram atendidos.
De acordo com o deputado Arilson Chiorato (PT), das 399 cidades paranaenses, 384 registram quedas de energia mais de uma vez por semana. Os problemas teriam se intensificado após a privatização da Copel, com a redução do quadro de servidores e a contratação de novos funcionários.
Deputados e representantes das entidades também criticaram a companhia por não oferecer canais de comunicação eficientes. “Falávamos antes da privatização que esse problema era sério e o que iria ocorrer com a privatização. É o que vem ocorrendo. Além das frequentes quedas de energia e dos prejuízos causados, há ainda a dificuldade de encontrar para quem reclamar e como buscar a solução”, disse Luciana Rafagnin.
O que diz a Copel
Em nota, a Copel disse considerar que o ranking da Aneel traz uma “percepção distorcida” e que o DEC (na qual a companhia aparece em 5º lugar) é a métrica mais importante.
O ranking divulgado pela ANEEL no último dia 2 de abril traz uma percepção distorcida, pois não elenca as distribuidoras pelo tempo médio que o cliente fica sem energia durante o período observado (2024), o chamado DEC, que é a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora. Este índice é a métrica mais relevante do setor e a Copel figura na 5º melhor posição do Brasil. A meta da ANEEL em relação ao DEC para a Copel em 2024 era de 8,35 horas e foi superada pela companhia, que fechou o ano com índice de 7,9 horas.
O que o ranking da ANEEL propõe é uma comparação entre meta por distribuidora e desempenho alcançado ao fim do período observado em relação a essa meta, que é atribuída pela própria ANEEL e varia de uma empresa para outra. Ou seja, as metas não são as mesmas para todas as distribuidoras de energia, o que torna a comparação entre elas um exercício assimétrico.
Dessa forma, o ranking da ANEEL induz a uma percepção equivocada da realidade no setor elétrico brasileiro, ao colocar à frente empresas que têm pior desempenho no critério mais importante para o cliente, que é o da oferta continuada de energia. Assim, 19 empresas que ficaram à frente e têm um desempenho pior que o da Copel na oferta continuada de energia ao cliente. São as seguintes: Equatorial Piauí (DEC de 21 horas), Energisa Rondônia (DEC de 20,6), Equatorial Pará (DEC de 19,4), CEEE Equatorial (DEC de 18,8), Enel Goiás (DEC de 15,9), Energisa Tocantins (DEC de 15,4), Energisa Mato Grosso (DEC de 15,1), Equatorial Maranhão (DEC de 13,3), Neoenergia Pernambuco (DEC de 10,9), Neoenergia Coelba (DEC de 10,4), Energisa Paraíba (DEC de 9,7), Enel Ceará (DEC de 9,6), Cemig (DEC de 9,4), Energisa Sergipe (DEC de 9,2), Enel RJ (DEC de 9,1), RGE (DEC de 9), Energisa Mato Groso do Sul (DEC de 9), Celesc (DEC de 8,6), Neoenergia Cosern (DEC de 8,2).
Pequeno porte
Entre as empresas com até 400 mil consumidores, a melhor colocada foi a Pacto Energia, PR (antiga Força e Luz Coronel Vivida), seguida pela Empresa Força e Luz João Cesa (SC), em segundo, e pela Muxfeldt Marin e Cia Ltda. (RS), em terceiro.
O ranking
Veja o ranking de grandes distribuidoras de energia em 2024:
1º – CPLF Santa Cruz – 0,58
2º – EPB – 0,62
2º – ERO – 0,62
4º – Neoenergia Cosern – 0,63
5º – ESS – 0,64
6º – CPFL Paulista – 0,67
6º – EDP ES – 0,67
6º – Equatorial PA – 0,67
6º – ETO – 0,67
10º – EMT – 0,68
11º – CPFL Piratininga – 0,69
11º – EMR 0,69
13º – Neoenergia Coelba – 0,71
14º – Neoenergia Elektro – 0,72
15º – EDP SP – 0,74
15º – EMS – 0,74
15º – RGE – 0,74
18º – ESE – 0,75
18º – Neoenergia Brasília – 0,75
20º – Neoenergia Pernambuco – 0,77
21º – Enel ASP – 0,80
21º – Equatorial PI – 0,80
21º – Light Sesa – 0,80
24º – Enel CE – 0,82
24º – Equatorial Maranhão – 0,82
26º – Celesc – 0,85
27º – Enel RJ – 0,86
28º – Cemig – 0,91
29º – Copel – 0,92
30º – Equatorial GO – 1,19
31º – CEEE – 1,76
Confira em:
https://www.plural.jor.br/copel-cai-em-ranking-e-esta-entre-as-piores-concessionarias-de-energia-do-brasil-diz-aneel/